Eduardo Barbosa
Bioecologia e o Esporte de Alto Rendimento
Constantemente, como treinador, preciso trazer, a luz da razão, o que é ser um atleta de alto rendimento e o que é querer ser um. Invariavelmente escuto que não acredito na capacidade das pessoas que me procuram com vários objetivos imediatos da corrida de rua, seja um sub 2hs na maratona ou metas menos ambiciosas que exigem do atleta recreacional postura e posicionamento atleta de elite.
Você já deve ter ouvido que o esporte é que escolhe o atleta e não o contrário, sim, não basta você querer correr uma Maratona abaixo de 2hs se o esporte corrida de rua não te escolheu para isto, questões fisiológicas, psicológicas e ambientais são componentes importantes que podem te levar a correr uma maratona abaixo de 2hs, 3hs, 3hs30”, 4hs ou qualquer tempo que seja.
No Modelo Bioecológicos, as características biopsicossociais do indivíduo e suas interações ao longo do tempo são observados como premissas primárias que produzem o desenvolvimento humano, este modelo é dividido em quatro aspectos multidirecionais interrelacionados pessoa, processo, contexto, tempo. Como pessoa devemos observar um fenômeno de constância e mudanças na vida do ser humano.
Ainda quando criança questões ambientais nos preparam e nos colocam em condições de praticar o esporte de alto rendimento, nisto o Profissional de Educação Física Escolar ou Professores que trabalham em desenvolvimento esportivo nas infâncias, observando a manifestação da atividade muscular, o domínio natural de uma alta técnica de execução dos movimentos ou gestos esportivos. Dentro deste contexto todo o desenvolvimento desta jovem é levado, por etapas, até as competições adultas.
Há variados componentes que tornam quenianos e etíopes excelentes Maratonistas, o ambiente e as condições de desenvolvimento nos seus territórios já os colocam em enorme vantagem, comparados a nossa percepção de desenvolvimento no atletismo, diversos clubes esportivos desenvolvem os talentos de ambos os países desde a infância dos seus praticantes, muito diferente das nossas condições onde grandes talentos são revelados e lapidados muito tarde.
Existe dentro deste processo de desenvolvimento humano uma alta complexidade do que é ser atleta de alto rendimento. A construção do “ser” atleta navega por uma mentalidade vencedora, experiência, resiliência, dedicação acima da média, persistência, esforço e tempo, muito tempo... o que muitas vezes não é acompanhada pela família como apoio. As relações interpessoais e familiares são a primeira barreira a ser transporta pelo atleta de alto rendimento, seja no apoio a seu desenvolvimento, ou seja, no seu crescimento pessoal, independente do crescimento familiar.
Se tivéssemos que traçar um paralelo com o modelo de recreação que a corrida de rua se tornou, quantos de nós, já estabelecidos em nossas profissões olharia para trás e abriria mão do nosso conforto familiar, para enfrentar sozinho as pressões que o esporte impõe? Persistir mesmo sem a certeza de que será o Campeão e manter o patrocínio, ou premiação que garantem nossa sobrevivência? Ainda, quantos de nós suportaria diversos “nãos” ou lesões, por falta de preparação física adequada, que nos deixasse distantes de nosso objetivo, que não o lugar mais alto no podium.
Não há nenhum problema em querer ser melhor a cada dia, o que nos move como amadores, ou atletas recreacionais e está vontade enorme de nos superar a cada prova, mas terminada um ciclo, que pode ter sido ruim, não precisamos nos preocupar se tivermos que abandonar a maratona pela metade, agora, se este abandono significasse se manter e manter todo seu estafe, sua própria sobrevivência e de sua família, o quão você estaria disposto a persistir neste ambiente, onde somente o número um do podium será o vencedor? Cabe a você leitor está reflexão! Bons treinos.
